sábado, 4 de fevereiro de 2012

ORIGENS DO SERVIÇO SOCIAL EM MARIA LÚCIA MARTINELLI

Definição de Serviço Social: uma prática social, uma tecnologia social que objetivava conformar a classe trabalhadora à ordem social capitalista.
Marco das origens do Serviço Social Para a autora, em 1869, quando em Londres surgiu a Sociedade de Organização da Caridade, devido ao pacto entre a burguesia, Igreja e o Estado, surgiam também as “primeiras assistentes sociais, como agentes executoras da prática da assistência social (...)”
(66)



PROTAGONISTAS NAS ORIGENS DO SERVIÇO SOCIAL
  • IGREJA
  • ESTADO
  • BURGUESIA
  • PROLETARIADO
  • O PROLETARIADO
No Feudalismo eram camponeses.
Com a transição do feudalismo para o capitalismo (capitalismo mercantil), muitos camponeses foram atraídos para os centros comerciais e viraram artesãos.
Com o desenvolvimento do processo de industrialização, tanto os camponeses quanto os artesãos passaram a viver do salário.

A QUESTÃO SOCIAL

As condições precárias de trabalho;
Os baixos salários;
A exploração do trabalho da mulher;
A exploração do trabalho infantil,
contribuíram para a organização da classe trabalhadora.

A BURGUESIA
Proprietária dos meios de produção;
Objetivava a concentração de riquezas, necessitando, para isso, explorar a força de trabalho do proletariado.
A organização dos trabalhadores ameaçava os objetivos da burguesia.

O ESTADO
A composição do Estado, no sistema capitalista, se formava de representantes das classes economicamente dominantes (burguesia e proprietários rurais). Nesse sentido, o próprio Estado, bem como as leis, protegiam os interesses das classes dominantes.

A IGREJA
Sempre influenciou os governos, a ciência, a filosofia, a educação etc.
Com as origens do sistema capitalista, o poder da Igreja também vinha sendo questionado. Ao mesmo tempo, a Igreja era uma das instituições que vinha desenvolvendo um trabalho junto às populações mais pobres, com uma filantropia organizada através da senhoras católicas e várias instituições como abrigo, hospitais etc.

ALIANÇA ENTRE BURGUESIA, IGREJA E ESTADO
A organização dos trabalhadores mostrava que a burguesia precisava de novas estratégias, além da força, para se manter no poder e continuar o processo de acumulação capitalista. Havia a necessidade de construir formas de conseguir estabelecer o consenso junto às classes populares e trabalhadoras para a manutenção do sistema vigente.
Como estratégia, a burguesia utilizou-se da filantropia, incentivando a sua organização e sistematização, como o cadastro dos assistidos, a utilização de inquéritos sociais, as visitas domiciliares e possibilitando o treinamento e a formação de novos “agentes da assistência” para veicular, junto a classe proletária, a ideologia dominante. Assim, visavam frear e desorganizar o movimento dos trabalhadores, passando a idéia de que o capitalismo era inevitável e irreversível e que era uma ordem social justa e adequada. (61)
“Assim como havia cooptado o Estado burguês para promover, ao longo do tempo, medidas políticas de proteção ao capital, a burguesia tratou de fortalecer sua aliança com os filantropos, transformando-os em importantes agentes ideológicos, responsáveis pela socialização do ‘modo capitalista de pensar.”(64)

OBJETIVOS DA RACIONALIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA
“(...) através de sua ação (...) pudessem afastar as ameaças que pairavam sobre o horizonte burguês e que se expressavam pela incontida expansão da pobreza e pelas persistentes investidas da classe trabalhadora.”(64)
“Era para criar suas bases de sustentação, capazes de garantir a irreversibilidade do capitalismo, que a burguesia desejava utilizar a prática social dos filantropos, entre outras estratégias. Utilizando-se da facilidade de acesso desses agentes à família operária, a classe dominante pretendia transformá-la em um expressivo veículo de sujeição do trabalho às exigências da sociedade burguesa constituída, em um instrumento de desmobilização de suas reivindicações coletivas.”(65)

SURGE O SERVIÇO SOCIAL
O Serviço Social surge como “uma profissão que nasce articulada com um projeto de hegemonia do poder burguês, gestada sob o manto de uma grande contradição que impregnou sua entranhas, pois produzida pelo capitalismo industrial, nele imersa e com ele identificada como a criança no seio materno, buscou afirmar-se historicamente (...) como uma prática humanitária, sancionada pelo Estado e protegida pela Igreja, como uma mistificada ilusão de servir.” (66)
CRIAÇÃO DAS PRIMEIRAS ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL
1899 – Escola de Filantropia Aplicada (Training School in Applied philantropy). Nova Iorque, EUA.Deve-se a Mary Richmond a organização dos primeiros cursos de Filantropia Aplicada, sob a responsabilidade da Sociedade de Organização de Caridade.
“Acolhendo a concepção dominante na sociedade burguesa de que aos problemas sociais estavam associados problemas de caráter, Richmond concebia a tarefa assistencial como eminentemente reintegradora e reformadora do caráter. Atribuía grande importância ao diagnóstico social como estratégia para promover tal reforma e para reintegrar o indivíduo na sociedade.” (106)
Em 1919, a Escola de Filantropia Aplicada incorporou-se à Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, EUA, denominada de Escola de Trabalho Social.
1899 – fundação da primeira escola européia, Amsterdã, Holanda.
Inicia-se, em Berlim, Alemanha, cursos para agentes sociais contribuindo para a criação da primeira escola alemã, em 1908.
Ainda em 1908 fundava-se na Inglaterra a primeira escola de Serviço Social, incorporada à Universidade de Birminghan.
Em 1911 foi fundada uma escola em Paris, França, com orientação católica e outra em 1913, sob orientação protestante.
A escola católica será um pólo irradiador do Serviço Social de bases católica em toda a Europa.
As décadas de 20 e 30 marcam a expansão do Serviço Social europeu.
Em 1925, surge na Itália, durante a I Conferência Internacional de Serviço Social, em Milão, a União católica Internacional de Serviço Social (UCISS).

COMO DENOMINAR A NOVA PROFISSÃO?
Devido aos inúmeros termos para designar o trabalho desses novos agentes sociais: ação social; bem-estar social; assistência social; beneficência; caridade; e filantropia aplicada, impedindo que se pudesse ter uma idéia mais clara a respeito da natureza dessa atividade, Richmond começou a utilizar a expressão “trabalho social ”(...) e a fazê-la de maneira cada vez mais sistematizada. Em um de seus trabalhos, em 1907, Richmond define Social Work como “uma operação essencial para a reintegração social do ser humano.” (109) Foi em 1916, na I Conferência Nacional de Trabalhadores Sociais, em Nova Iorque, EUA, que Richmond apresentou a proposta de denominar a nova profissão como Social Work e seus agentes como trabalhadores sociais.
Objetivava-se com a nova nomenclatura deixar mais evidente a dimensão profissional bem como diferenciar-se das ações voluntárias de caridade.

PRIMEIROS CAMPOS DE AÇÃO PROFISSIONAL
  • Tribunais de Justiça (área da infância);
  • Saúde;
  • Educação.
INSTRUMENTOS E TÉCNICAS UTILIZADOS
  • abordagens individuais;
  • inquérito domiciliar;
  • diagnóstico social;
  • visitas domiciliares;
  • grupos.
CORRENTES INFLUENCIADORAS NA FORMAÇÃO DOS PRIMEIROS ASSISTENTES SOCIAIS
Serviço Social americano: psicologia e psicanálise (abordagens individuais, objetivando controlar conflitos e desajustes individuais);
Serviço Social europeu: Buscou-se bases na sociologia, na economia e na pesquisa social. Influências de Auguste Comte e Émile Durkeim.
Queriam agir sobre a sociedade, objetivavam apreender os problemas sociais em suas manifestações mais simples.

BIBLIOGRAFIA
MARTINELLI, Maria Lúcia. Serviço Social: a ilusão de servir. Serviço Social: identidade e alienação. Capítulo I. 7a ed. São Paulo: Cortez, 2001.

Nenhum comentário:

Postar um comentário