O educador e filósofo
pernambucano Paulo Freire (1921-1997) passa a ser reconhecido como patrono da
educação brasileira. É o que estabelece a Lei nº 12.612, do dia 13 último.
Freire dedicou grande parte de sua vida à alfabetização e à educação da
população pobre.
Oriundo de uma família
de classe média, Freire conviveu com a pobreza e a fome na infância, durante a
depressão de 1929. A experiência o ajudou a pensar nos pobres e o levou, mais
tarde, a elaborar seu revolucionário método de ensino. Em 1943, chegou à
Faculdade de Direito da Universidade de Recife, hoje Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE). Durante o curso, teve contato com conteúdos de filosofia da
educação. Ao optar por lecionar língua portuguesa, deixou de lado à profissão
de advogado.
Em 1946, assumiu a direção do Departamento de Educação e Cultura
do Serviço Social de Pernambuco, onde passou a trabalhar com pobres
analfabetos.
Em 1961, como diretor
do Departamento de Extensões Culturais da Universidade de Recife, montou uma
equipe para alfabetizar 300 cortadores de cana em 45 dias. As experiências
bem-sucedidas com alfabetização foram reconhecidas em 1964 pelo governo de João
Goulart, que aprovou a multiplicação das experiências no Plano Nacional de
Alfabetização. No entanto, poucos meses após a implantação, o plano foi vetado
pelos militares, que assumiram o governo. Freire foi preso e expulso do país.
Em 16 anos de exílio, passou por Chile, Suíça, Estados Unidos e Inglaterra e
difundiu sua metodologia de ensino em países africanos de colonização
portuguesa, como Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Em sua obra mais
conhecida, A Pedagogia do Oprimido, o educador propõe um novo modelo
de ensino, com uma dinâmica menos vertical entre professores e alunos e a
sociedade na qual se inserem. O livro foi traduzido em mais de 40 idiomas.
Visão — Para a diretora de
currículos e educação integral do Ministério da Educação, Jaqueline Moll, o
Brasil presta uma homenagem a Paulo Freire por sua obra pela educação
brasileira. “Paulo Freire é a figura de maior destaque na educação brasileira
contemporânea, pelo olhar novo que ele constrói sobre o processo educativo”,
afirma. “Ele tem ajudado muitos países no mundo a repensar a visão vertical que
temos nas salas de aula, de um professor que sabe tudo e do estudante que é uma
tábula rasa e nada sabe.”
“Uma homenagem mais que
justa”, comemora Leocádia Inês Schoeffen, secretária municipal de Educação de
São Leopoldo (RS), cidade a 50 km de Porto Alegre. Todas as 35 escolas públicas
do município já aderiram ao Programa Mais Educação, que amplia a jornada diária
para o mínimo de sete horas. “O Mais Educação, do ponto de vista da educação
popular, não é restrito ao ambiente escolar, mas articula-se com a comunidade.
Assim, há afinidade grande desse programa com o que o Paulo Freire defendia,
que é fazer a leitura do mundo e a inserção do educando no seu meio, capacitando-o
para que seja agente do seu momento histórico”, diz.
Reconhecido
internacionalmente, Paulo Freire
recebeu inúmeros títulos e importantes premiações.
No portal Domínio Público, do MEC, pode-se baixar gratuitamente o livro Paulo Freire,
de Celso de Rui Beisiegel, uma coletânea de análises de seus textos mais
importantes.
A Lei nº 12.612, de 13 de abril de
2012 foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira, 16, Seção 1
página 1.
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